29 de dez. de 2008

B A R A T A V O A D O R A


Essa noite eram mais de três da manhã e não conseguia pegar no sono. A cama parecia ter espinhos e, a medida em que eu esbarrava neles, soltavam um veneno que fazia adormecer minhas pernas. As coxas, principalmente, formigavam. Os pés coçavam. Senti os braços procurarem, sem lograr êxito, posição sobre a cama.

Acredito que a culpa foi do travesseiro. No Natal deixei o meu na casa de mamãe, por esquecimento. De lá para cá, não tenho dormido bem. O substituto é muito alto, quase nunca usado. Pelo menos por outra pessoa não. Ainda que eu seja maior de idade, vacinada e independente, ninguém dorme na minha cama de casal, a não ser eu. Há anos isso acontece. Depois de meu primeiro (e até agora único) casamento, não houve outro que invadisse. Triste isso, né? Enfim, o fato é que esse travesseiro é novo demais, não foi "socado" o suficiente para estar gostoso, confortador, receptivo.

Quando finalmente os olhos fraquejaram por alguns instantes e os sonhos iniciaram seu trabalho de me levar para ver o mundo, percebi que a noite seria de guerra.

Surgiu diante de mim uma imagem familiar, parecia mamãe. Entre nós, eu e ela, um imenso e vazio corredor, onde surgiam a esquerda e direita, muitas portas, de várias cores.

Se há um bicho que tenho medo é a barata. Pois lá estava ela, voando pelo corredor, enquanto minha mãe a seguia de chinelo em punho. Quanto mais mamãe corria, mais rápido a barata voava em minha direção. Eu absolutamente apavavorada, ficava lá, parada, estática, não conseguia mexer nenhum músculo desse meu corpo inútil.

O barulho das asas era tão alto que ensurdecia, enlouquecia. Queria conseguir levar minhas maõs aos ouvidos e não escutar mais esse zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz, mas nada me obedecia. Queria conseguir levar minhas mãos a maçaneta de alguma porta e fugir dali para nunca mais voltar, mas as mãos coladas estavam dentro dos bolsos.

E, por mais que mamãe procurasse perseguir a barata, na verdade, mais ela a atraia para próximo de mim. No corredor não tinha saída: ou a barata voadora gigante vinha em minha direção ou encontraria o chinelo da morte erguido por mamãe.

Eu olhava deesperada para a maçaneta da porta. Era o máximo que pude me mexer: a menina dos olhos.

Acordei num misto de espanto e alívio por ter acabado tal tortura.

Tento entender... Por que ela representaria pavor? Não há na minha memória lembranças de violência de qualquer tipo, muito menos de chinelo. Nada... Ao contrário, ela sempre fez o tipo "palestrante". Sabe do que falo, né? Aquelas mães que não batem, não gritam, nem se descabelam, dão palestra diante de erros cometidos pelos filhotes. Acho que tenho um pouco disso dela na educação com minha filha.

Será que acordei mesmo?

28 de dez. de 2008

Deixa invadir

Muito embora eu concorde que seduzir é aderente a série de véus que se descortinam, num pouco a pouco, confesso que não tenho muito saco de ficar fazendo joguinho e coisa tal.

Ninguém sai vivo dessa mesmo! Dá tudo de uma vez, com vontade, tesão e não enrola.

Até porque o manual das bem-comportadas que não transam na primeira noite já expirou sua validade faz tempo. O manual e o status de bem-comportada. (Gargalhadas)

27 de dez. de 2008

Preliminares...




- Então dirige para mim? Com você me provocando desse jeito(...) me distraio muito. Não consigo dirigir assim.
- O carro é seu. Quer que eu dirija? Tudo bem. Encosta ali. Só não me impeça de continuar tocando você, tá bem? Gostosa.
- Ai. Lá vem de novo, essa mão boba.
- Não posso evitar. Sobe o vestido. Vai, só mais um pouquinho. Deixa eu ver suas pernas.
- Só um pouquinho. Assim tá bom?
- Não, quero ver mais.
- Assim?
- É, assim. Que cor é sua calcinha? Fiquei imaginando você só de calcinha enquanto te observava.
- Branquinha.
- Inha, de pequenininha?
- É.
- Oba. (Risos) Que barulho é esse?
- Ah, é a tampa da caixa de som que está solta. Na verdade preciso fazer uns ajustes, prendê-la de novo.
- Você tá precisando é sim de um homem na sua vida.

Ali rimos muito do "diagnóstico" oferecido.

- Morde?
- Ahãn.
- Gostosa.
- Olha essa mão!
- Deixa gata. Peraí.
- Ahãn.
- Me dá sua mão. Vem cá.
- Assim?
- É.
- Ahãn. Adoro quando você me manda fazer as coisas.
- Como?
- É. quando dá ordens sobre o que devo fazer. Me sinto nas suas mãos. Não sou obrigada a pensar ou dar solução para tudo, como no meu dia-a-dia. Aqui sou só mulher.
- Minha mulher, me ouviu? Vai ser minha puta.
- Ahãn.
- Vem cá. Me beija gostoso agora.
(...)
- Então, onde vamos? Temos que resolver. Praia?
- Eu gosto do conforto.
- Ok. Cama, hidro, essas coisas né? Sem areia.
- É.
- Combinamos.
- Ahãn.

21 de dez. de 2008

O desejo de beijo



Tinham duas opções: ou ficar vendo filme na TV ou jogar boliche com um casal de amigos mais suas três crianças de 6, 9 e 12 anos. Fiquei com a segunda. Acredite: "o urso saiu da toca"!

Foi assim que ele, de barba por fazer, camiseta e tênnis surgiu no meu horizonte. Comecei a torcer por aquele que parecia estar a vontade entre os seus familiares. Risos altos, provocações entre seus pares. Entre uma jogada e outra, ele procurava meu olhar como sua platéia. Achava torcedora assídua, atenta a qualquer deslize ou com direito a cumprimento quando sua performance era merecedora.

Puxei bem o ar para meus pulmões, comprimi a barriga no vestido (pretinho básico) e, num passo pensado, levantei para jogar pela primeira vez. Era preciso me exibir também. Eu, mais familiarizada com a sinuca, fiquei surpresa com o grande peso da bola de boliche. E, no entanto, marquei (orgulhosos e memoráveis) pontos. (Risos)

Sabe quando começam a elevar o tom da voz, tal qual os pássaros soam deteminada música no ritual de acasalamento e, com isso, aparecerem, destacarem-se da multidão? Pois é, foi iniciado todo o ritual. Nessas horas eu (sinceramente) fico muito sem jeito. É a hora em que outros machos percebem que a fêmea está sendo provocada, tentada, cortejada.

Outro dia, pensava cá eu com meus botões, na tentativa de achar um motivo que me levasse a ser assim: despreendida no lado profissional e, abolutamente, tímida na esfera pessoal (...) Não cheguei a conclusão alguma. Noto apenas que na área do trabalho, exerço determinado poder (no sentido de terreno dominado) e na relação entre pessoas nem (quase) sempre tal controle é possível (ou desejável). Deve ser isso.

E, quando dei por mim, já estava ele na sua bermuda xadrez sentado ao meu lado (literalmente). O ar estava impregnado de expectativa de gozo. Não me pergunte como, mas sei que marcamos entre olhares e breves palavras, dele levar seus familiares embora e retornar para conversarmos. E assim o fez.

Ele retornara. Quando o vi entrar pela porta quis gritar: Yes! Sim, funcionou: o urso saiu da toca e continua vivo!

Pediu uma cerveja e buscou uma mesinha diante do cantor que se apresentava no pequeno palco à esquerda. Me olhava entre uns goles e outros. A concentração na mesa de sinuca ia cada vez pior. Quanto tempo irá durar essa tortura?, pensei. Afinal, não é nada fácil você estar ali entre várias pessoas sendo observada (e querendo ser observada) a cada passo que dá. Exige auto-confiança e um pouco de coragem também.

Na tentativa de resolver o impasse que já durava dez longos minutos, confidenciei a paquera com o casal de amigos (como se fosse preciso). A ajuda dos "universitários" foi imediata. Assim que retornei para meu jogo, eles o convidaram para se juntar a nós, sem eu saber ou gostar de iniciativa. Nada disso foi necessário: os planos já estavam traçados com começo, meio e fim.

Ele já tinha arquitetado de como seria sua volta e pegada. Deu mais uns goles na cerveja. Enquanto eu me esforçava em concentrar na sinuca, meu parceiro de jogo de 12 anos dizia: "-Paula ele tá falando com o garçom e apontando para cá (...)". Ele tá vindo (...)".

A minha torcida (amigos) além de entusiasmada sempre foi organizada, viram? Espiões, relações públicas, enfim, um time e tanto. (Muitos risos)

Me oferecendo algo para beber, seu braço tocou em mim e saiu faísca. Sabe quando os dois se tocam propositadamente sem querer?

Seu beijo foi quente, úmido, gostoso, de língua atrevida, invadiu.


15 de dez. de 2008

Porque representar 60 anos com 32?


Sentada defronte o "Rodolfo" (notebook), taça de vinho SantaHelena do lado, blogando impressões pessoais, pensando em que fazer de janta e já podendo imaginar (a ponto de sentir) o aroma de uma sopinha Knorr, às 20:26 hs de uma segunda-feira, véspera de verão, ouvindo Diana Krall em sua apresentação no Festival Internacional de Jazz de Montreal?

Isso tudo na primeira noite sozinha (sem a tarefa da maternidade durante 03 dias de acampamento da escola) dos últimos dez anos?

Há algo mais representativo de que a idade chegou antes da hora? Viu a cena que descrevi agora? Há algo mais idoso que fazer tais coisas? Você já se perguntou se veio ao mundo na época certa?


29 de jul. de 2008

ENCONTRO ÀS CLARAS

Hoje fui tomada de surpresa....

Tudo começou numa ida rápida ao mercado, caminho da faculdade, para comprar uma salada a ser servida no almoço amanhã e fazer um lanchinho antes da aula.

A sorte já deu sinal de vida quando vi uma vaga para estacionar o carro bem pertinho da porta de entrada. Quando se tem pressa, esses pequenos "presentes" são comemorados como gols do Palmeiras (tudo bem que empatou com o Grêmio e saiu do G4, mas é temporário...já já voltamos ao topo!).

Havia promoção de vinhos importados. Adoro os encorpados chilenos. Parei, olhei, comprei um.

Acho, depois de hoje, que todas as mulheres deveriam usar SEMPRE salto alto. Tal vestimenta nos obriga a olhar para frente e remexer as cadeiras. Não mais visão bitolada para os produtos nas prateleiras! Há que se ampliar os horizontes! É impressionante o que o barulho do "pec pec" no caminhar fez nos corredores daquele (vazio) mercado, numa terça-feira, às 18hs, no final do mês!

Após o vinho chegar ao carrinho de compras, meus olhos percorreram as pessoas que estavam em volta e depararam com os olhares cuidadosos sobre mim vindos de um homem distante há poucos passos.

Fui na seção de frios comprar presunto e muzzarrella, lá estava o homem a me cuidar.
Fui na lanchonente escolher o salgado assado com café para antes da aula, lá estava ele.
Fui..., lá estava ele.

Analisei de cima a baixo e percebi que era um homem bem alto, olhos claros (azuis eu acho) escondidos atrás dos óculos, barba cuidadosamente aparada, camisa azul, numa horrível calça social clara (parecia um bege) e sapatos pretos. Quem em sã consciência usaria uma combinação destas?

Depois sumiu.

Fui ao caixa e não o reencontrei.

Sai do mercado em direção ao meu carro que estava na vaga dos sortudos.
Sabe quem estava lá? Ele (o calça claro com sapatos pretos!) de pé na porta de seu carro bordô, exatamente ao lado do meu prata.

Sorri sem jeito. Desarmada pela inesperada ocasião, estendi a mão em resposta ao seu cumprimento. Quando notei, em milésimos de segundos, já havia lhe dito meu nome. Para dizer meu número de celular, foram apenas mais alguns brevíssimos momentos. Não acreditei em mim mesma quando num gesto automático atendi seu curvar-se e, trocamos, no despedir, beijinhos no rosto com mais um estender de mãos.

Era nítido para mim e para ele o desconforto. É certo que ambos somos desajeitados para essas coisas.

Amanhã almoço agrião como salada e sorrisos secretos como sobremesa.

26 de jul. de 2008

A FORÇA

'A força não provém da capacidade física,
mas da vontade férrea.'
Ghandi

17 de jul. de 2008

Negociação?

"Tá" meio abandonado por aqui...

Ando meio por ali...

Sem saber no que vai dar.


Do futuro, planos e cabelos brancos.

No presente só ausência.

Falta eu num monte de coisas.

Por que não surge alguém para aquelas várias outras coisas que se faz acompanhada?

Enquanto isso sobram pessoas na negociação.

Todas são eu mesma.

Desejosas de diferentes paisagens.


A fotografia denuncia:

Os cabelos brancos estão sendo tingidos, um a um.

Quanto aos planos, alguns ficaram no papel, rascunhados.

E outro "tantão" acabou se concretizando.

Mas a ausência?

Persiste, insiste e resiste.


O suspiro chega a doer.

Dói.


4 de jun. de 2008

Arnaldo Jabor

Os convidados dizem que... eu poderia ter escrito esse texto... Não sou fã incondicional deste autor, mas esse texto especificamente, gostei. Meio populista... Gostei mesmo assim.

De Arnaldo Jabor:

Estamos com fome de amor... Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes... Danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e saem sozinhas... Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos... Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes,os novíssimos 'personal dance', incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida? Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho, sem necessariamente, ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico... Fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão 'apenas' dormir abraçados... Sabe essas coisas simples, que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção... Tornamos-nos máquinas, e agora estamos desesperados por não saber como voltar a 'sentir', só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós... Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos 'ORKUT', e veja o número de comunidades como: 'Quero um amor pra vida toda!', 'Eu sou pra casar!' até a desesperançada: 'Nasci pra viver sozinho!' Unindo milhares ou melhor milhões de solitários, em meio à uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis... Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento, e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos... Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário... Pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso ter a coragem de encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa... Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia isso é julgado como feio, démodé, brega... Alô gente!!! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados... Mas e daí? Seja ridículo, mas seja feliz e não seja frustrado... 'Pague mico', saia gritando e falando bobagens... Você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais ... (estou muito brega!).Perceba aquela pessoa que passou hoje por você na rua,talvez nunca mais volte a vê-la... E, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois... Quem disse que ser adulto é ser ranzinza... Um ditado tibetano diz que: se um problema é grande demais, não pense nele... E, se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele?Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo,
ou ser uma advogada de sucesso, que adora rir de si mesma por ser estabanada..... O que realmente, não dá é para continuarmos achando que viver é out... Que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo... Ou que não podemos nos aventurar a dizer pra alguém: 'vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois, ou quem sabe os dois, vão querer pular fora.... Mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida'. Antes ser idiota que infeliz!

27 de mai. de 2008

Diario de Bordo

Antes que me provoquem: esse título não é nada original. Eu JÁ SEI DISSO! Mas como evitar?

A viagem de hoje começou às 7 da matina com 03 bolachas água e sal com cereais (linho, gergelin, etc.); 01 colherinha de margarina, 01 xic. de café instantâneo com adoçante.
Às 9:30 comi uma mexerica.
Almoçei 04 colheres de sopa de arroz, 02 de carne moída, 01 punhado de couve mineira refogada na cebola e para completar 01 pires de salada de alface - todos sem óleo ou azeite e pouquíssimo sal.
Lá pelas 17 hs. comi outras 03 bolachas água e sal e café.
No intervalo da faculdade, por volta das 20:30 matei meio sanduiche natureba com pão integral, cenoura e alface.
Antes de dormir, perto da meia-noite, tomei aquelas sopas prontas de uma xícara, sabe?

Fui e voltei do trabalho a pé, sem carro. Não bebi, não fumei e não transei.

Será que sobrevivo? Por quanto tempo?

9 de mai. de 2008

Mergulhar é preciso!

Depois de chuva, vento e enchente (de provas também), retomo meu espaço para impressões pessoais registradas para arquivo de minha biografia e aos visitantes queridos (conhecidos ou não).

A aula de hoje tomou um viés surpreendente.

O que normalmente vinha formatado, sob medida, planejado em tudo, inclusive nas suas pausas milimétricas; tomou gosto pelo pragmático.

A aula de D. Civil desta noite, talvez pela pouca platéia, talvez pela atenta e sedenta platéia, conseguiu nos fazer aprender sobre o artigo 5 e seus incisos do CC, de modo inovador. Tal logo o aspecto teórico infiltrou na mente dos alunos, fomos presenteados com exemplos de emancipação que invadem os escritórios a procura de solução ou voluntária, ou judicial ou legal.

Pessoalmente percebo que quando os professores atingem determinada "intimidade" com a turma, aquela decorrente de já se dirigem aos alunos pelos prenomes e nomes, distinguirem textos do fulano e do ciclano..., a aula cresce na medida de sua grandeza com a interatividade entre todos e aprofunda com um mergulho ativo na reflexão.

Olhar criticamente para as normas, sejam elas princípios ou regras e atestar sua efetividade de aplicação, ou seja em quais casos (reais ou formais) tal situação se tipifica é o exercício mental permanente dos acadêmicos instigados pelo professor.Tenho me entusiasmado ao navegar por tais mares.


Postado por Paula às 19:21 no blog: http://www.fatojuridico.blogspot.com/

4 de mai. de 2008

Alerta da Defesa Civil


A defesa civil decretou estado de alerta para todo o sul de Santa Catarina. Fortes chuvas e rajadas de vento por causa do ciclone extratropical deixam a população tensa. As notícias são de enchentes e famílias desabrigadas desde ontem. Mais de 30 municípios foram afetados. Continua chuva constante neste domingo.
Enquanto todas essas informações estão dispostas, aqui em casa, estamos todos um clima de comoção pelas pessoas atingidas. Imagino o que será desta segunda próxima junto do poder público desta região...
Já estamos todos a postos!
Nestas horas, penso o quanto há para agradecer.

9 de abr. de 2008

Depende: palavra de ordem!

"Em uma prova oral para concursos públicos, se lhe perguntarem: é ou não tal coisa? Sempre responda: depende!", assegura o professor (tbém promotor).

E assim, se deu uma das melhores aulas de Penal deste semestre: relativização, ponderação, "cada caso um caso", ele dizia. De um lado luta para manter-se ao conteúdo do plano de ensino, enquanto do outro os acadêmicos incitavam para um debate mais pragmático.

Vi certa injustiça falar de TGP e não comentar Penal. Eis minha pronta consideração.

O modo simples, cartesiano de compreender, são para os de exatas (em especial os engenheiros - hihihi).O modo complexo, sistêmico, cognitivo, são para os de humanas.

Direito é tido em termo percentual, umas vezes menos, outras mais.

A aula de hoje, TGP, tem de tudo um pouco: traz consigo surpresas extremamente esclarecedoras da prática forense. Isso ocorre quando o professor, tal qual um maestro (ou melhor de um "tocador" de blues e suas permissividades/improviso) resolve atender as perguntas dos acadêmicos. Nas mais diversas áreas, ele nem balbucia. O inverso, sua postura corporal e também na entonação viva da voz, responde. A segurança de quem lida com o poder da informação é exuberante. Com isso enriquece de sobremaneira nossas horas ali na sala-de-aula. Por isso, em não seguindo exclusivamente o plano de aula proposto na disciplina, ele excede e transcende. Adoro terça-feira!

7 de abr. de 2008

Butantã em Sampa

Alguém conhece algo mais lento que um baiano fazendo yoga?
báh, ninguém merece!
hihihihi.
Essa frase veio em uma matéria - do CQC - que conferiu os trabalhos comunitários do "Silvinho Pereira" junto a sub-prefeitura do Butantã em Sampa. Na reportagem aparece o Silvinho de carro, passeando pelas ruas do bairro...
Sabem de quem o programa está falando?
Lembram do secretário do PT que faturou um jipe e por aí vai?....
Lembram?
...

Nada a declarar.

...

fonte da foto: http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI2709008-EI306,00.html

1 de abr. de 2008

Blue Sky_IV parte

Ali postada no sofá, gemendo de dor, não era uma mulher muito sexy.
Mas lembrar deles juntos...
Sim, lhe traziam lembranças quentes.
Morgana ergueu a cabeça um centímetro e pode vê-lo preso a seus movimentos.
Viu nos olhos de Michael uma doçura, um mister de preocupação com solidariedade que a tomou de susto. Na verdade deixou-a apavorada.
Afinal não eram namorados, mas amantes. Talvez nem isso. Só tinham uma boa transa, nada mais.

- Nada mais? Perguntou para si mesma em voz alta.
- Oi? Michael procurou certificar-se que ela queria iniciar mesmo uma conversa.
- Somos o que afinal? ela insistiu tomada de coragem.
- Como assim?
- Assim: quero saber o que somos afinal?

...

O apartamento de Michael era sempre confortável, mesmo pequeno. Tudo estava a mão, próximo. Do sofá para a TV e DVD era um curvar-se para a lateral até a pequenina mesa de canto. Os controles remotos estariam lá, dentre dois ou três livros empilhados, porta copos, abajur e cinzeiro, este último sempre limpo.

Ela se deliciava com essa brisa em seu rosto. Sempre que sentava, procurava o lado esquerdo, bem próximo da grande janela que tomava quase totalmente uma das paredes da sala. Adorava a noite porque era possível deixá-las abertas e permitir o ar entrar. Aqueles últimos tórridos dias sobrevividos só com ar condicionado, enclausurada, tinham sido mais que asfixiantes.

...

- O que somos? Duas pessoas, um homem e uma mulher. O que mais poderia responder, pensou michael.
- Só?
- Sim, só.
- Por que não mais? Morgana avançou sobre os limites das paredes levantadas entre os dois por medida de segurança.
- Porque nunca quisemos mais que isto.
- Você nunca quis? Ela, como a igreja fora na caça as bruxas, fez a inquisição.
- Não.

O diálogo que mal tinha nascido acabara de ser enterrado vivo. Sentiu que a raiva tomava-lhe o corpo e o frescor do ar noturno não fora suficiente para evitar sentir calor em suas bochechas vermelhas. Morgana teve raiva de si por ter desejado mais. Raiva por perguntar.

- Tem que ser assim sempre?
- Sim. respondeu-lhe.
Ele já não mais fitava os olhos de Morgana.
- Ok, basta para mim senhor objetividade.

...

Aquela frase: porque nunca quisemos/ desejamos mais, continuava martelando na cabeça de Morgana. Ele se aproximou para beijá-la, mas ela desviou o rosto. Usou o ferimento no braço como desculpa para mexer-se do sofá.

...

Ele compreendeu que tinha escolhido erroneamente as palavras. Ele sabia afinal como fazê-lo. Quantos relacionamentos que ao darem os passos iniciais para a cumplicidade haviam sido soterrados trinta palmos abaixo da terra, para nunca mais voltar.
Só os fantasmas, aqueles que advêm de memórias ora alegres ora tristes, quase sempre de belas mulheres, surgiam vez ou outra. Nada que um bom whiske não resolvesse.

Ela compreendeu que tinha chego ao final. De novo. Claro. Além do braço, todo o corpo, a cabeça, doiam. e não mais exercia controle sobre ele. Michael não estava mais em sua órbita e a girar a sua volta. Serviu-se do apoio do braço dele e conseguiu se levantar. Pôs-se em direção a porta. "Ainda bem que avisei as meninas e Jonathan para me esperarem por alguns minutos", pensou já decidida a ir embora.

Um desmaio a interrompeu. ...

31 de mar. de 2008

De cães, estômago e moral

Os convidados dizem que...

Esse texto é aqui replicado e, não reflete, sob hipótese alguma, opinião do autor deste blog. Em atendimento o que prevê legislação de direitos autorais, estão postados também todos os dados dos autores e veículos de comunicação pertinentes ao texto abaixo colocado. O artigo está aqui em prol da democratização da informação.


São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2008
FERNANDO DE BARROS E SILVA

De cães, estômago e moral
Opinião - FOLHA DE SÃO PAULO


SÃO PAULO - Para quem, há menos de uma semana, chupava sorvete de tapioca em plena CPI, não há como negar que a oposição progrediu nos últimos dias. Sua situação hoje, miserável que ainda seja, faz recordar um verso famoso de Carlos Drummond: "Mas tens um cão".Chame-se o vira-lata pelo apelido oficial -"banco de dados"-, como quer a ministra Rousseff, ou pelo nome próprio -"dossiê"-, o fato é que ele ameaça morder, pela primeira vez, os calcanhares da todo-poderosa. Mesmo que nada mais lhe aconteça, Dilma já ficou de repente mais parecida com Zé Dirceu. O episódio aproxima sua imagem do lado sombrio da Casa Civil.É pouco provável, porém, que este escândalo -mais um para o museu do governo Lula- venha ter maiores conseqüências, além de provocar rosnados e latidos éticos.É triste, mas a oposição é incapaz de ir além dos perdigotos cívicos disparados a esmo pelo senador Arthur Virgílio, essa miniatura amazônica do lacerdismo tardio.Mais sério, no entanto, é o descaso prepotente da ministra, que deu uma banana à CPI: "Temos mais o que fazer". Rousseff invoca uma suposta trabalheira do cargo para justificar certo desdém pelo jogo democrático. Faz o cidadão de idiota.Não é preciso muito para perceber que esse e outros abusos estão escorados na popularidade celestial de Lula, digna de um régulo asiático. O lulismo promove a consagração perversa da máxima vocalizada pela "Ópera dos Três Vinténs" (1928), de Brecht: "Primeiro vem o estômago, depois a moral".O governo usa o êxito de público e a satisfação da clientela que formou na base da distribuição de esmolas para se desobrigar eticamente.Como quem se vê além do bem e do mal, Lula faz graça para Severino e homenageia em público Renan, o bom companheiro. Empresta seu prestígio ao atraso, de quem se fez sócio, enquanto seu governo cuida da gestão "moderna" da miséria, sem mexer com os poderosos. A alguns pode até parecer teatro épico. Mas é a velha chanchada brasileira.




30 de mar. de 2008

o silêncio

Há dois tipos de silêncio: um nada diz por não saber como fazê-lo, o outro nada diz por nada ter a dizer. O pior é do segundo tipo.


19 de mar. de 2008

"T" grandão!

Hoje estiquei a iniciativa a um ponto de quase romper a clausura. Quase... Munida de uma foto excitante de um casal qualquer, sem rostos, só corpos, provoquei. Sem qualquer palavra. Anexei a ilustração e pronto. Assim, sem dó.

O destinatário se viu diante dum duplo desafio: ignorar ou responder. Ambas possibilidades teriam consequência. Se por um lado ele tivesse a ousadia e se fizesse presente; eu, pasma, em tese, estaria sem saída. Dentro de minhas intermináveis atividades e ocupacão, "segura", fui instigada.

Ele respondeu em instantes!
Em instantes meu coração pulou. Não por amor. Mas pela possibilidade, por mais pífia que fosse, de estar nua de novo diante dele, depois de tanto tempo! Diante de um homem fiel as suas crenças de lobo da estepe. Diante de um homem fiel aos seus instintos de sobrevivência baseados numa liberdade inconteste.

Eu, fiel ao cárcere, desisti. Permaneço só. Não tão somente, mas também, por falta de opção. Não por escolha. Por estar aprisionada em meu medo, ainda que tenha aberto a cela.

Faltou me puxar de lá para fora.

16 de mar. de 2008

Blue Sky_III

...

Ao pisar, na verdade cambalear, na entrada do apartamento, Morgana pode até não ter reparado, mas eu tremi. As outras, Ana e Paola, perceberam meu embaraço em ali estar.

O apartamento do Michael era uma coisa. Denunciava cada pensamento que ele se apoderava dos que lhe emprestavam a alma. Os inúmeros atores, escritores, cineastas, roteiristas, diretores... Exibiam-se vistos ou num livro de melhores biografias, ou num retrato da parede e a até mesmo nos coloridos DVD`s que pulavam sobre a curiosidade da estante da sala. Todos coabitavam em luta pacífica com e na mente de Michael. O ar era impregnado de emoções. E de sexo também.

Diferente de Jonatan, nosso crente da fé e do puritanismo, Michael navegava por mares mais quentes. Talvez por tão disparates personagens, antagônicas eram suas funções em nosso grupo.

...

Lembro-me do rosto pálido de Morgana contrastando ao preto sofá de Michael. O corpo atlético dela, cliente assídua de academia e aulas de karatê, ali estendido, desmanchava a nossa crença de uma mulher imbatível. Permanecia inerte.



Seus cabelos cor de chocolate, cacheados, sempre rebeldes assim como sua personalidade, emolduravam o branco rosto triangular. A boca, agora sem batom e o terninho preto usado em dia-a-dia do escritório, davam ar fúnere a cena. Balbuciou algumas palavras. A mão procurou apoiar o outro braço ferido.


Apenas os olhos castanhos mostravam sinal de atividade cerebral. Continuavam buscando respostas. Olhou pela janela do apartamento e um mundo de luzes teimavam em não lhe responder.


Saímos e deixamos Morgana e Michael a sós.


...


2 de mar. de 2008

A força normativa da Constituição

Perguntaram por onde andará Paula... Eis que, cá estava a cumprir meus afazeres...

Disciplina: Direito Constitucional I
Proposta: Resumo/ Fichamento/ Artigo
Obra: A força normativa da Constituição, Konrad Hesse


A obra constrói um diálogo com Ferdinand Lassale, em A Essência da Constituição, e o confronta. Hesse mostra que a Constituição não é mero “pedaço de papel” como sugere Lassale (enquanto na figura de breve instrumento normativo, desprovido de vida), mas aprofunda-se. O autor esbanja argumentação de que a Constituição também não pode ser considerada mero resultado das relações dos fatores reais de poder.

Hesse faz com que o leitor questione sobre o papel da Constituição, em seu sentido mais sublime, inclusive em momentos de sua maior prova: quando da necessidade e crise extrema. Ele o faz na medida em que abre um caminho conciliador entre as radicais posições, quais sejam: normativa de um lado, e de outro diametralmente oposto, espelho das relações entre os fatores reais de poder.

Suas indagações incitam o leitor a pensar sobre até mesmo as grandes matérias do Direito. Inquisidor calculista donde quer chegar com o raciocínio apresentado, questiona se é verdadeiro dizer que: o ramo Constitucional enquanto ciência normativa é distante e separada da Sociologia, sendo que cabe exclusivamente a esta última o título de ciência da realidade.
Eis a questão que permeia toda a obra alvo deste fichamento: Seria a Constituição capaz de impor-se e/ou côo-relacionar diante das forças ativas da sociedade mesmo sendo um instrumento normativo?

No capitulo II, aparece o termo que dá o tom de toda a obra: condicionamento recíproco. O autor sugere que é preciso conseguir enxergar tal relação entre a Constituição jurídica e a realidade político-social.

Obter a intersubjetividade sobre o que é o “condicionamento recíproco” (para se utilizar a mesma terminologia do autor) é ganho real na leitura desta obra. A partir do momento em que Hesse convida os seus leitores a refletirem sobre a Constituição Viva, isto quer dizer aquela que existe no mundo dos homens com vontade de Constituição, torna-se claro o caráter de condicionamento recíproco entre estes dois opostos. Conseguir visualizar que não se trata de seres que se digladiam e buscam a derrota do seu “adversário”, mas sim de forças que atuam em conjunto e se côo-relacionam, teríamos como resultado algo próximo do conceito de simbiose*¹ e por analogia, aderência à força normativa da Constituição.

Neste contexto de confronto entre a questão puramente normativa e a realidade das questões político-sociais, a Constituição não pode ser compreendida tão céu ou tão terra. Não se deve falar em divergências, mas em como convergir para um patamar sublime que cabe a Lei Magna: “não é apenas uma questão de ser, mas de dever ser”.

Assim sendo, ao autor dita que a força normativa da Constituição se assenta sobre três vetores que aqui serão discorridos com exímia objetividade. 1. Quanto ao conteúdo: permite e/ou busca a proteção da função reguladora do Estado diante dos caprichos dos dominantes. 2. Quanto às práxis: busca a estabilidade dos preceitos contidos na Constituição quando convoca todos os partícipes a pensar no bem comum e não só no individual. 3. Quanto à interpretação. Aqui se tem o fio mais tênue entre os opostos interesses. Claro que é concebível que a mudança dos fatos jurisdicionais, sob contexto da evolução da humanidade e das inter-relações, provoque também diferentes e evolutivas interpretações normativas. Mas, para os homens com vontade de Constituição, tal interpretação “evolutiva” não se configura num abandono aos Princípios Constitucionais.

Ora, a vontade de Constituição impõe-se, sob tom onipresente, tutela os Princípios Fundamentais, independente de o poderio econômico interessar-se por outro modo operanti. Ainda que a linha econômica, num viés de participação ativa do processo constitucional, interfira, cabe a força normativa da Constituição, concretizar o dever ser.

Finalmente, no último capítulo, Hesse afirma quais são as imperfeições da Norma Magna. Instaura certo ceticismo na interpretação à medida que seu conteúdo está submisso à competência Ilimitada das Cortes Constitucionais em “dar a última palavra”. E, diz mais. Ele chama atenção do leitor para quão perigosos são tais “poderes” das Cortes se não tivermos a consciência geral aderente à Constituição.

A frase que encerra a obra de Hesse: “Essa tarefa foi confiada a todos nós”, provoca o leitor e porque não dizer a todos nós acadêmicos de Direito. Convoca-nos para enfrentamento de heróis: sem acordo, nem renúncia ou aceitação. Convoca-nos para tal árdua tarefa, de promover a força normativa da Constituição, sem distanciá-la da realidade sócio-politica, ao contrário, primar pelo bem social.


*¹. Simbiose é uma relação mutuamente vantajosa entre dois ou mais organismos vivos de espécies diferentes. Na relação simbiótica, os organismos agem ativamente (elemento que distingue "simbiose" de "comensalismo") em conjunto para proveito mútuo, o que pode acarretar em especializações funcionais de cada espécie envolvida. A Simbiose também é chamada de protocooperação.

Referências Bibliográficas:
LASSALE, Ferndinand. A Essência da Constituição. Rio de Janeiro: Lumen Juris.
HESSE, Konrad. A força normativa da Constituição. Porto Alegre: Sérgio Fabris.
Wikipédia, a enciclopédia livre. Acesso em 02/03/2008, às 10:03 hs.

23 de fev. de 2008

Os convidados dizem que...

Dazaranha dia 08/3. Imperdível!!!
"O carretão vai descer"...Nossa barulheira.
Só para povo de SC, infelizmente...

20 de fev. de 2008

Aula de D. Constitucional! Leitura obrigatória: bonavides = 630 páginas, hesse = 60 páginas, e vai e vai e vai...
Aula de T.G.P.! Leitura obrigatória de T.G.P. e direito processual: humberto = 790 páginas, revolução dos bichos (hahahahaha) e vai e vai e vai...
Falta conhecer ainda Penal I e Civil I.
Que sufoco! Quantas páginas passarão pela minha retina? Não sei. Apenas quero saber quanto conhecimento permanecerá n'alma.
Eis futuro promissor! Chega logo! Tenho pressa do suce$$o.

http://fatojuridico.blogspot.com

17 de fev. de 2008

Viva a Coisa Doméstica!

É dessa coisa doméstica que sinto falta... Meu coração sobrevive entre suspiros e apertos da solidão.
- "Paula, mor, o Lito ligou. Eles estão vindo para cá. Acho melhor colocar mais batatas na maionese". Ele diz enquanto corta o verde arbusto que emoldura a entrada da garagem de nossa casa.
Assim despenteado, com a barba por fazer, como em todos os domingos, de bermuda e chinelos, o amo ainda mais.
Num impulso, o puxo contra mim e lhe beijo. Gosto de hortelã.
- "É preciso trazer o carvão. O mercadinho do nego fecha daqui a pouco, hoje só até as 11", lhe digo depois do beijo.
Ele ri. Eu também.
Então finalmente meu coração se espalha, sem apertos ou finais tristes daqui por diante.

Uma questão de classe...

O marido chega em casa as 18:00h e diz a mulher que teria uma reunião às 22:00hs, mas que ele não iria pois considerava isto um absurdo. Mas a mulher, preocupada com o marido, o convence que o trabalho é importante. O maridão esperto então vai tomar um banho para se preparar e pensa: "Foi mais fácil do que eu pensava!"
Como toda mulher, quando o homem entra no banho ela revista o bolso do seu paletó e encontra um bilhete onde estava escrito:"Amor,estou esperando por você para comermos um pato ao molho branco. Beijão,Sheila".
Quando o marido sai do banho encontra sua mulher com uma camisolinhatransparente, sem calcinha, toda fogosa deitada de bruços. O marido, ao ver aquela bundinha sob a transparência não resiste e cai matando.. A mulher lhedá um trato completo e ele, exausto, vira pro lado e adormece.
Quando vai chegando a hora, a mulher acorda o marido, que não quer mais ir a reunião, mas novamente ela o convence da importância do trabalho. Ao chegar na casa da amante, o cara está arrasado.Cansado diz a ela que hoje trabalhou muito e que só iria tomar um banho e descansar um pouco.Como toda mulher, ao entrar no banho ela revista o bolso de seu paletó, e encontra um bilhete onde estava escrito:
"Querida Sheila, o pato foi, mas o molho branco ficou todo aqui. Beijão, A Esposa."
(Luis Fernando Verissimo)

12 de fev. de 2008

Depois da chuva, o arco-íris


Esta tarde...

Depois da chuva...

Antes de Ben Harper...

Depois de Nieztche.
Nada depois dele.
Como poderia?

Walk Away (tradução)Ben Harper

Aos meus amores conhecidos: Ginês, Robson, Rubby, Daniel, Marcelo, Charles, Eduardo, Túlio, Rui..., e aos meus amores desconhecidos, segue poema que poderia ter sido escrito para cada um/ou para todos nós... E para os outros que ainda ei de conhecer que estão por vir...


Walk Away
Ben Harper
Composição: Indisponível

Oh não Aí vem o sol de novo
Isso significa mais um dia
Sem você meu amigo
E me machuca
Ver a mim mesmo no espelho
E me machuca ainda mais
Ter que estar com um outro alguém
E é tão difícil de fazer
Mas tão fácil de falar
Mas as vezes
As vezes, você tem que ir embora
Ir embora
Com tantas pessoas
Para se amar nessa vida
Porque eu me preocupo
Com uma
Mas você põe a "felici"
Na minha "dade"
Você põe os bons momentos
Na minha diversão
E é tão difícil se fazer
Mas tão fácil se falar
Mas às vezes
Às vezes você tem que simplesmente ir embora
E rumar para a porta
Nós tentamos o Adeus
Tantos dias
Nós andamos na mesma direção
Para que nunca pudéssemos nos separar
Dizem que se você ama alguém
Então tem que libertá-lo
Mas eu preferiria viver preso à você
Do que viver nessa dor e miséria
Dizem que o tempo vai
Fazer com que tudo isso vá embora
Mas foi o tempo que tomou meus amanhãs
E transformou-os em ontem
E mais uma vez esse sol nascente
Está se pondo
E mais uma vez você, meu amigo
Não pode ser encontrada
E é tão difícil de se fazer
Mas tão fácil de se falar
Mas as vezes
As vezes você só tem que ir embora
Ir embora
E rumar para a porta
Você simplesmente vai embora
Ir embora

E só para você que não irá com o sol nascente, ficará na minha cama e tomará café-da manhã (todas as manhãs) comigo, meu desejo de que simplesmente permaneça.



5 de fev. de 2008

II Tempo_Blue Sky

...

Dois intermináveis minutos se passaram sem que Morgana se mexesse. Entre nós uma mistura de medo e descrença fazia com que não desprendêssemos os olhos dela. O rosto pálido pelo sangue que deixava de circular no seu corpo dava-lhe certa candura, algo angelical, coisa jamais vista no escritório.

Lembro-me de uma vez em que estava eu, Michael e Jonatan, conversávamos diante da máquina de café no corredor que leva a sala de reuniões, sobre a Pasta MAC - L. Fomos interrompidos pelo barulho de vidro estilhaçado. Ao voltarmos os olhares para a direção do som, Charles Lee surgiu sem fôlego. Os olhos puxados, pequeninos, pretos, estavam arregalados e bem maiores que o de sempre. Os óculos de armação preta e grossa, um exagero no pequeno rosto de Lee, já não conseguiam esconder o pavor. A causa? Morgana, mais uma vez.

Disse-nos ele, se recuperando da corrida, que tudo que havia sobre as mesas tinha destino contrário ao normal: seria arremessado pela janela. Tudo: peso de papel, porta canetas, bloco de notas e os rascunhos da acusação, nem mesmo o telefone sobrevivera ao vôo em direção ao fim da utilidade planejada pelos homens da ciência. Isso era Morgana, algo mais extremado, de coisas que se unem ao ar e as nuvens, não ao chão e a mesmice.

Daí o porquê do som estridente. Com o ar condicionado, as janelas fechadas, os arremessos tiveram sucesso só depois de despedaçar a fina película transparente que separava os ares, quente de fora e frio de dentro. Um novo sistema de refrigeração, carro em valor investido no local, era o “ambientador” de tardes ensolaradas, teoricamente mais produtivas. Fazíamos o clima da saudosa Inglaterra, fria e úmida, em plena São Paulo, infernal, sobretudo no mês de dezembro. A única sobrevivente do exercício físico foi a pequena escultura em bronze de Diké, filha de Zeus, que ficava sobre o aparador, atrás do confortável sofá marrom.
Segundo a narrativa de Lee, a explicação para essa intempérie era a suspeita de uma nova testemunha, encontrada pela defesa e denunciada por um dos espiões pagos pela chefia. Todo o esforço, horas de vigília de nossa equipe e os “podres” descobertos, antes empurrados para debaixo do tapete rosa, poderiam ir por água abaixo.

- “Ainda que eu trabalhe com Morgana há muito tempo, não achei na minha memória referência de arremesso de peso como hobbie”, disse-lhes num sorriso de canto da boca... De alguma forma a minha naturalidade em lidar com o absurdo, os tranqüilizou.
Um dedo, o indicador da mão esquerda, mesmo lado do braço ferido, se mexeu. Entreolhamos-nos. Mais ensandecidos três minutos se passaram até que abrisse os olhos. Meio banza tentou reerguer seu corpo da cadeira e caiu de volta, no mesmo lugar, numa sentada só. E demonstrou sinais de recuperação da consciência: deu ordens!

- Porque vocês estão paradas aqui? Vamos, temos de ir embora o mais rápido possível, disse-nos entre os tossidos.

Enquanto isso Jonatan já estacionava o carro defronte aquele imundo bar. Se estivéssemos em qualquer rua dos Jardins nosso transporte poderia até ter passado despercebido. Mas ali? Como olhares dos transeuntes iriam ignorar? Não fosse a caminhonete. Não fosse o belo semblante de Jonatan.

Por motivos óbvios, arrancamos Morgana da cadeira, agora mais viva que morta, e a colocamos no banco da frente da caminhonete. Atrás fomos eu, Anna e Paola. No bar, lugar dos dormentes é muito possível que todos tenham continuado suas medíocres vidas como se nada tivesse acontecido. Os jogadores seguir-nos com os olhares até a saída e voltaram-se para a sinuca. O barman que com canto do olho vez ou outra fotografava a cena das meninas em volta duma drogada sobre a cadeira, esfregaria durante o resto da noite o pano sujo nos mesmos copos que seriam de novo despejados sobre a prateleira de espelhos.

Na rua chamamos atenção de dupla platéia. Dois bêbados que concorriam ao Oscar de qual melhor fantasia do além, tamanho beleza das esfarrapadas roupas e palavreados. Xingaram-nos porque atrapalhávamos na calçada. Uns garotos encostados no baixo muro do outro lado da rua, distantes do poste com luz, não nos viram. O pó branco os seduzia mais.

2 de fev. de 2008

Sem enterro, sem fim.

E porque o fim foi sem enterro, choro até hoje.

Como parar de derramar-se em lágrimas se não há túmulo para enterrá-las? A relação que acaba sem um fim devido, fica assim... sem nexo. Qual a estória consegue ficar no passado sem início, meio e fim? Até pode ser fora da ordem, mas que venham os três tempos: ontem, hoje e amanhã.

Um dia começou. E foi junto com o nascer do sol. Eu voltava da balada, vestida de preto, por fora e por dentro. Ele levava o pai ao médico. Eu estava sentada no banco, porta entreaberta, estacionada defronte ao mar, ao lado da barraquinha de sorvete Kibon, na direção de seu apê. Fazia frio com o sempre presente vento minuano. A fina blusa que usava não conseguia esconder o arrepio. Nem os cabelos desarrumados permitiram melhor "primeira impressão". Mas assim foi. Eu, paulista de nascimento, sempre fico ligada com os arredores e tudo que se mexe a minha volta. O segui atraves dos espelhos, o lateral externo e o do retrovisor. Ele se aproximava do meu carro, mas o seu destino parecia outro. Ele buscava o sol. Assim como eu.

E teve meio. Decobertas, debaixo das cobertas. A poesia invadia o coração, o tesão dominava o corpo, a razão era arrancada a pontapés da mente e os amantes compartihavam o melhor de si para com o outro. E invadiam os mundos.

Secos Lábios

É difícil escancarar e assumir os próprios medos. Quem nunca se questionou o que deseja da vida:- o jornal lido na manhã chuvosa dum cinza domingo, ali na mesa da cozinha, pelo companheiro de todas as noites, ou;- fazer sexo numa cabana, sob a luz da lareira aos seus pés, bem defronte a um lago congelado, com um completo estranho?

O pior sou eu: provavelmente nem me fiz alguma dessas perguntas.

Chego a esta conclusão, pois permaneço só. Nem um jeito, nem outro.

Apenas coração vazio e secos lábios.

SC, 19/04/2007.






Premissa de Invasão

Como demorei tanto para ter a consciência de qual a temática que garante o leitor atento? Sabe, aquele tipo de leitor que sequer consegue tirar os olhos do texto, solta suspiros, nem pisca (mesmo na viradela de página).

Garante ainda um ouvinte ansioso por saborear mais palavras. A orelha para ficar mais próxima do emissor da mensagem, adianta-se do rosto, a cabeça chega a ter um breve desnível entre o lado esquerdo e o direito, deixa o ângulo ideal para que sejam ouvidos todos os temperos. Porque foi impreciso durante tanto tempo?

A mistura quente de conversas descabidas ou propositadas entre um homem e uma mulher, ambos dispostos a deixar as cortinas abertas e os rostos sem máscaras. Apenas livres. Claro! É isso.

Tudo bem... Uma pitada de suspense também ajuda, né? Mas, na verdadade, o que vale mesmo é a hora exata em que a expressão encontra caminho largo para surgir, sem os limites preconizados pelos ditames sociais. Os cinco sentidos são amplificados e a conexão entre eu que escrevo e você quem lê é inigualável.

Só nos dois sabemos o quão rico é esse momento... Fica impossível distinguir se o que há é invasão de meus pensamentos em sua cabeça ou se é sua bagagem interpretando as minhas palavras.

Eis a invasão permitida.


Blue Sky entre os seios



Ao entrar no bar odor de cigarro e bebida barata invadiram meu olfato. Olhar naquela meia luz e conseguir enxergar algo a mais que nuances de rostos cansados e tristes era perca de tempo e de propósito. Todos pareciam dormentes. Existe correlação entre mulheres e prozac; homens e cerveja? Pior seria não admitir o escapismo.

O balcão do boteco dava a impressão de que se meus cotovelos ficassem sobre ele, sairiam imundos. O móvel vermelho parecia grudento tamanha a quantidade de restos de wiski vagabundo, suor e depressão.

Os quatro homens que jogavam na única mesa de sinuca ocupada, logo a esquerda da entrada, por um momento, pararam. Seus olhares mediram o nosso grupo da cabeça aos pés. Morgana, já mais morta que viva, levada pelos ombros pelas amigas foi posta sobre a primeira cadeira vaga. Com essa distração creio que eles nem notaram minha fuga em direção ao banheiro. Só uma piscadela para as meninas e corri para lá. Tinha que ser rápida, precisa, certeira na dose e no tempo.

Atrás da porta do toillet a imagem foi ainda pior, o cheiro de vômito denunciava que alguém por ali esteve havia pouco tempo. Certifiquei-me que estava só naquele banheiro nojento. Entrei na última das cinco cabines, fechei a portinhola e sentada sobre o vaso abri a necessarie, retirei a agulha e introduzi o antídoto. Escondi de novo o blue sky entre meus seios no sutiã e corri para aplicar a injeção em Morgana.

O sangue escorria do ferimento no braço. O lenço colocado cuidadosamente não estancara o líquido viscoso. Ela cada vez mais branca mostrava sinais de desmaio. Ali, postada na cadeira tão indefesa e dependente dos outros e de mim era imagem que jamais imaginava como possível. Logo ela? Sempre tão altiva...

Apliquei. Agora só nos restava esperar. Só nos restava acreditar que daria certo.




Análise de risco

Porque há chances de perder o jogo.
Mas escolhi ganhar.