2 de fev. de 2008

Sem enterro, sem fim.

E porque o fim foi sem enterro, choro até hoje.

Como parar de derramar-se em lágrimas se não há túmulo para enterrá-las? A relação que acaba sem um fim devido, fica assim... sem nexo. Qual a estória consegue ficar no passado sem início, meio e fim? Até pode ser fora da ordem, mas que venham os três tempos: ontem, hoje e amanhã.

Um dia começou. E foi junto com o nascer do sol. Eu voltava da balada, vestida de preto, por fora e por dentro. Ele levava o pai ao médico. Eu estava sentada no banco, porta entreaberta, estacionada defronte ao mar, ao lado da barraquinha de sorvete Kibon, na direção de seu apê. Fazia frio com o sempre presente vento minuano. A fina blusa que usava não conseguia esconder o arrepio. Nem os cabelos desarrumados permitiram melhor "primeira impressão". Mas assim foi. Eu, paulista de nascimento, sempre fico ligada com os arredores e tudo que se mexe a minha volta. O segui atraves dos espelhos, o lateral externo e o do retrovisor. Ele se aproximava do meu carro, mas o seu destino parecia outro. Ele buscava o sol. Assim como eu.

E teve meio. Decobertas, debaixo das cobertas. A poesia invadia o coração, o tesão dominava o corpo, a razão era arrancada a pontapés da mente e os amantes compartihavam o melhor de si para com o outro. E invadiam os mundos.

6 comentários:

Petê Rissatti disse...

O amor e todas as suas manifestações fazem com que escrevamos coisas inesperadas. Bela descrição de encontro e desencontro.

Gostei daqui... e volto.

Beijo

fjunior disse...

de tirar o fôlego; gostei dos pontapés a arrancar-lhe a razão...

*quanto à Brasília, acho que o mais grave de tudo, da Máquina do Estado, é a tal da estabilidade; pois se os funcionários públicos tivessem metas a alcançar e o salário deles dependessem disto, seríamos um outro país, pode apostar... beijos

Mike disse...

Texto forte...repleto de significações diversas.
Desejo... amor... troca de olhares e fluidos... tudo isso numa cotidianidade marcada pelo retrovissor e pela barraquinha de sorvete.

Eu tb sou paulista de nascimento, catarinense de coração.

Grande abraço e bom feriadão.

Mike disse...

sorry
*retrovisor

Paula, BSB é realmente um enigma... e os órgãos do governo uma piada.
Vc é advogada?

Critical Watcher disse...

Olá. Serei o mais novo insavor de agora em diante. Gostei de seu blog, da articulação das palavras. Uma fusão de romance e realidade. Voltarei mais vezes aqui. Estou te linkando... Beijo!

John Doe disse...

perfeito, eu não sei o que faz com que você escreva assim, mas sei que preciso disso tb, qq dia você ainda vai compartilhar isso comigo...